quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Guernica

Uma das obras mais conhecidas de Picasso é a tela Guernica, em exposição no Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madri, retrata a cidade de Guernica, na Espanha, após ser bombardeada pelos aviões da Luftwaffe de Adolf Hitler.
A violência e a indignação fizeram com que Picasso se concentrasse por cinco meses no trabalho.

 

“Gritos das crianças, gritos das mulheres, gritos dos pássaros, gritos das flores, gritos das árvores e das pedras, gritos dos tijolos, dos móveis, das camas, das cadeiras, dos cortinados, das panelas, dos gatos e do papel, gritos dos cheiros, que se propagam uns após outros, gritos do fumo, que pica nos ombros, gritos, que cozem na grande caldeira, e da chuva de pássaros que inundam o ar.”
 

GuernicaPablo Picasso, 1937
Óleo sobre tela - 349,3 cm x 776,6 cm
Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, Madri, Espanha

Em 4 de maio de 1939 a Prefeitura de Guernica, dirigindo-se ao povo espanhol, divulgou o seguinte comunicado:

"Em pé, diante desde microfone, quero contar o que os meus olhos viram no lugar do que já foi Guernica, e tomo Deus como testemunha:

Envergonhados pelo monstruoso crime que cometeram, os rebeldes apelam para a falsidade para camuflar, para negar a mais vil das proezas da História, a total e absoluta destruição da cidade de Guernica.

Aquele dia fatal, 26 de abril, era dia de mercado e a cidade estava cheia de gente. Em Guernica havia milhares de camponeses de toda a vizinhança, numa atmosfera de camaradagem basca, e ninguém suspeitava de que uma tragédia se aproximava.

Pouco depois das quatro da tarde, aviões jogaram nove bombas no centro da cidade. Procurávamos os feridos, quando mais aviões surgiram, jogando todo tipo de bombas, incendiárias e explosivas.

As feras que pilotavam tais aviões, logo que avistavam nas ruas ou fora da cidade uma figura humana, focalizavam nela suas metralhadoras, semeando terror e morte, entre mulheres, crianças e velhos. Tal foi a tragédia de Guernica, cuja verdade, eu, prefeito da cidade, afirmo diante do mundo inteiro.

A milícia estacionada em Guernica, naquele dia, era exatamente a mesma que havia confraternizado todos esses meses com o povo de Guernica, ganhando sua afeição. Foi a primeira a prestar auxílio naqueles momentos terríveis. Não foi nossa milícia que ateou fogo a Guernica e, se o juramento de um alcaide cristão e basco tem algum valor, juro diante de Deus e da História que aviões alemães bombardearam cruelmente nossa cidade até riscá-la do mapa." 

Guernica foi ferida, mas não morrerá. Da árvore brotarão novas folhas verdes em toda primavera; seus filhos a ela retornarão; suas casas serão reconstruídas, suas igrejas escutarão novamente seus hinos e preces...

Guernica, símbolo de nossas liberdades nacionais e símbolo da ferocidade do fascismo internacional, não pode morrer."

Fonte: História do Século 20, volume 4 - Abril Cultural

Durante a Segunda Guerra Mundial, Picasso continuou vivendo em Paris durante a ocupação alemã. Tendo fama de simpatizante comunista, era alvo de controles frequentes pelos alemães. Durante uma revista do seu apartamento parisiense, um oficial nazista observou uma fotografia do mural Guernica na parede e, apontando para a imagem, perguntou: “Foi você quem fez isso?” E Picasso respondeu, após um segundo de reflexão: “Não, vocês o fizeram.”

Exilada por mais de quarenta anos em Nova York, a tela só voltou à Espanha em 1981, quando foi recebida pelo Museu Nacional do Padro, em Madri onde permaneceu por muitos anos antes mesmo de seguir ao Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Picasso